O desafio da segurança no mundo das coisas
* por Eduardo Carvalho, presidente da Equinix no Brasil
O potencial de mercado da Internet das Coisas é alto, isso não é
novidade. Segundo o Gartner, 8,4 milhões de dispositivos estarão conectados em
todo o mundo até o final deste ano – e a previsão é chegar a 20,4 bilhões até
2020. Nesse cenário de crescimento absurdo da IoT, a segurança, não é segredo
para ninguém, é um dos pontos mais críticos. Isso porque essa tecnologia
envolve diretamente as informações pessoais de indivíduos por todo o mundo.
Até hoje, muito do que se investe em segurança de TI é voltado para
proteção de dados sobre os negócios das empresas. Mas, com a IoT, as ameaças
passam a ser outras e podem comprometer a privacidade das pessoas. Um estudo da
Federal Trade Commission, agência norte-americana de proteção ao consumidor,
descobriu que menos de 10 mil domicílios são capazes de gerar mais de 150
milhões de dados sensíveis por dia.
Imagine lidar com dispositivos que contam a sua localização ou passam
informações sobre sua saúde e rotina pessoal, por exemplo. Onde ficam esses
dados? Quem é responsável pela segurança desse conteúdo? Não precisamos ir
longe, muitas pessoas contam com sensores de alarmes e câmeras de segurança em
suas casas. O acesso a esse tipo de informação, por alguém mal-intencionado,
pode comprometer a segurança física dos proprietários.

Por essas e outras, a questão da segurança é urgente. Já existem projetos
de lei em tramitação no Congresso para definir quais tipos de dados existem e regulamentar
o tratamento de todas essas informações. Independentemente dessa regulação, é
imprescindível que as empresas comecem seus investimentos em mecanismos de
proteção. É preciso pensar em como manter os dados de seus clientes sob o menor
risco possível.
Nesse caso, temos alguns itens fundamentais. O principal é desenvolver
aplicações com as tecnologias mais seguras e atuais possíveis. As empresas
precisam investir em criptografias e softwares que reduzam os riscos ao máximo.
E mais do que isso – as atualizações devem ser constantes, uma vez que os
cibercriminosos têm se tornado cada vez mais rápidos em encontrar brechas
nesses tipos de sistemas.
Além disso, a infraestrutura física por trás de todas essas tecnologias
deve estar segura. Manter o centro de processamento de dados dentro da própria
companhia é uma péssima ideia quando se trabalha com as informações sensíveis
do consumidor, afinal, esse tipo de ambiente precisa ter níveis de segurança
física e lógica que exigiriam investimentos altíssimos em segurança. Nesse
caso, investir em uma boa solução de data center e/ou cloud computing é o
ideal. Essas empresas são especializadas em manter dados seguros em todos os
âmbitos e, por isso, reduzem ao máximo a vulnerabilidade dos sistemas.
Outro ponto importante são as certificações. Não apenas a sua empresa
deve ser certificada, todos os parceiros que atuam com você no ecossistema
também devem ter selos e segurança. E aqui falamos de companhias de data
center, provedores de cloud, empresas de software, processadores de pagamentos,
gateways ou quaisquer outras que lidem com a informação, direta ou
indiretamente, de seus clientes e usuários.
Selos como o ISO27001:2013 valem para todo tipo de companhia. Ele atesta
as melhores práticas de mercado em segurança da informação. Além disso, o
PCI:DSS, valida a segurança dos dados financeiros e transações feitas por meio
de cartões. Existem, ainda, as certificações mais específicas, como as de data
centers, por exemplo. TIER, ISAE3402 e SSAE16 SOC1 asseguram a eficácia dos
controles operacionais dos DCs. Enquanto outra, como SSAE16 SOC2 avalia outras
questões amparadas em cinco grandes pilares: segurança, disponibilidade,
integridade, confidencialidade e privacidade. Já a ISO 22301:2012, norma
internacional para gestão de continuidade de negócios, especifica os requisitos
para a recuperação de ambientes de TI no caso de eventos inesperados, como
desastres naturais. Esses são só alguns exemplos. Muitos, né? Vale saber se
todos os seus parceiros contam com os selos.
Por último, mas não menos importante, é essencial trabalhar com a
conscientização do usuário. Essa pode ser uma barreira um pouco mais
resistente, pois envolve mudança de cultura e de hábitos das pessoas. Existe
uma máxima que diz que uma corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco. E,
nesse caso, a ponta mais fraca, quando o assunto é segurança, costuma ser o
usuário final. Sou eu, você.... Nossos
smartphones, relógios e televisores conectados. As companhias devem investir na
conscientização de todos nós para evitar qualquer tipo de risco.
Quanto mais preocupados, cautelosos e bem informados todos estiverem,
tanto as empresas quanto seus colaboradores, mais seguro será todo o sistema
alimentado pelo mundo de dados proveniente da Internet das Coisas.
Especialmente porque o mundo conectado é um futuro sem volta e precisamos nos
preparar (cada vez mais) para aproveitá-lo da melhor maneira (e mais segura)
possível.
FONTE: TI INSIDE