Data Center Equinix atinge nível de eficiência recorde na América Latina :: SOLUÇÕES
Novo data center conta com sistema de
refrigeração considerado inovador e microusina solar, entre outras medidas de
eficiência
O PROBLEMA
Energia para uma central de armazenamento de dados é fundamental
para manter a operação dos servidores e determinante para garantir a
competitividade das empresas, que repassam o custo para os clientes.
A SOLUÇÃO
Para tornar mais competitivo seu mais novo data center no
Brasil, inaugurado em maio de 2017 em Santana de Parnaíba (SP), a Equinix,
líder global do setor, investiu em inovador sistema de refrigeração e em outras
medidas de eficiência, como uma microusina solar.
RESULTADOS
Por métrica global de eficiência energética utilizada pelo
setor, chamada PUE (do inglês Power Usage Effectiveness, ou eficácia do uso da
energia), o data center atingiu a melhor pontuação da América Latina e no mesmo
patamar de países desenvolvidos e frios (onde a necessidade de refrigeração é
muito menor).
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Em um data center, principalmente naqueles que hospedam
servidores de terceiros e/ou locam os seus sistemas de TI para provedores,
empresas do varejo (virtual ou não), de telecom, indústrias ou instituições
financeiras, a garantia de energia é não só crucial para a sobrevivência como
um diferencial no mercado sempre em crescimento mas não por isso menos
competitivo.
Conseguir um custo de energia mais baixo para o armazenamento –
e logicamente provar ter segurança energética para manter a operação
ininterrupta, com redundância dobrada de fonte – é determinante na hora de
fechar contratos.
Isso ocorre mesmo quando o fornecedor do serviço é líder global,
com a vantagem de hospedar as principais empresas de serviço de nuvem (cloud),
o que atrai outros provedores de conteúdo e empresas de telecom, as quais têm o
interesse de permanecer no mesmo data center onde estão os servidores de cloud
utilizados por elas.
É esse o caso da norte-americana Equinix, com mais de 180 data
centers em 44 países, dos quais seis no Brasil (quatro em São Paulo e dois no
Rio de Janeiro), e que hospeda mais de 2.500 provedores de cloud (entre eles os
principais, como Microsoft e Amazon), mais de 600 provedores de serviços de TI
e 1.600 operadores de telecom. Mesmo com essa vantagem competitiva de permitir
a interconexão de empresas no mesmo ambiente de armazenamento,
que se espalha por todo o mundo, a Equinix tem priorizado ações
de eficiência energética para melhorar a competitividade das suas ofertas. As
medidas envolvem todos os sites no mundo. Uma meta, por exemplo, é usar 100% de
energia primária renovável, em uma primeira etapa nos data centers da
Califórnia, nos Estados Unidos, que até 2020 poderão contar apenas com fontes
de redundância fósseis (os chamados UPS, geradores de emergência, a gás ou
óleo). “Mas a ideia no longo prazo é expandir a meta para o mundo todo”,
afirmou o gerente de marketing estratégico da Equinix, Wellington Lordelo.
Mas além da energia renovável, que no médio prazo também diminui
o custo com o insumo, principalmente na autogeração, ações mais técnicas e
eficientes no cotidiano operacional também são implementadas. E um exemplo
disso ocorreu no novo data center do grupo no Brasil, o chamado
SP3, em Santana de Parnaíba (SP), inaugurado em maio de 2017 sob
investimento de US$ 69 milhões e considerado o maior do país, com 20 mil m² de
área útil sendo 9 mil m² disponíveis em seis salas de armazenamento, que ao
totalmente ocupadas em um prazo estimado de três anos terão 2.800 servidores.
Para o projeto do SP3, a Equinix não economizou em medidas de
eficiência energética. E aí o destaque nessa concepção foi procurar atacar o
segundo vilão do consumo, o sistema de refrigeração, responsável em média por
40% do total consumido nas centrais, atrás apenas dos servidores, cuja operação
ininterrupta consome a maior parte da energia do site (50% em média), enquanto
equipamentos elétricos (transformadores, cabos) ficam com os 10% restantes.
Necessário para manter o ambiente seguro para os servidores, que
em virtude da alta densidade de potência geram muito calor nas salas, o ar
condicionado do data center da Equinix foi palco da primeira implantação na
América Latina de um novo sistema de climatização da Vertiv (ex-Emerson Network
Power). Com o conceito de free-cooling indireto, a tecnologia utiliza o ar
externo e o derramamento de partículas de água para manter o ar condicionado
interno, economizando ao máximo a ação de compressores e condensadores,
responsáveis pelo consumo de eletricidade.
A tecnologia se baseia em equipamentos de um sistema evaporativo
em formato de cuba instalados no teto do data center. Uma “cortina” de água
circula de baixo para cima dentro do cubo para resfriar em 7º C médios, junto
com o ar externo também injetado no cubo, o ar quente do data center captado
por exaustores. Depois disso, parte da água evapora e sai por cima do sistema.
Já o ar resfriado retorna para o data center por ventilador dentro do padrão de
temperatura requerido entre 20º C e 25º C.
Esse novo sistema se difere do free-cooling indireto
convencional da Vertiv, que aliás é utilizado em outro data center (o SP2) da
Equinix em Tamboré (SP). Isso porque o convencional utiliza condensador externo
pelo qual o ar do local resfria o gás refrigerante que passa por serpentinas
que continuam na área interna do data center para promover o resfriamento.
Ocorre que para isso ocorrer há a necessidade de a temperatura externa estar
com diferença de 10º C para baixo. Somente assim há o desligamento automático
dos compressores (gerando a economia de energia), já que eles não são
necessários para resfriar o gás refrigerante, tarefa feita pelo frio do ar
externo.
Em Tamboré, isso ocorre em 30% das horas do ano, quando a
temperatura fica com máxima de 17º C, gerando economia de até 20% de energia ao
ano.
Já o novo free-cooling em Santana de Parnaíba, por ser baseado
no resfriamento reforçado pela água captada de poço do local, não tem essa alta
dependência do frio externo. Isso tem feito os ganhos com energia serem muito
elevados no primeiro ano de operação do data center, que já parte para ocupar
sua segunda sala de servidores (cada uma delas com 960 racks).
Embora a Equinix não revele o consumo do local, cuja demanda
contratada com a Eletropaulo é de 13,3 MW (expansível até 18 MW), a medição
constante do PUE (Power Usage Effectiveness, ou eficácia do uso de energia),
métrica de uso global para medir a eficiência no consumo de data centers,
mostra que o índice do SP3 é o menor da América Latina, ou seja, de 1,35. Essa
métrica indica, em suma, que o data center consome muito menos energia para a
infraestrutura (refrigeração e equipamentos elétricos) do que para os
servidores, o coração da operação. Quanto mais perto de 1, menor o consumo em
refrigeração.
“Só para se ter um/a ideia, a média nacional é de PUE de 2,1 e,
na América Latina, de 2,4”, revela Lordelo. Isso significa que em média no
Brasil se gasta metade da energia para refrigeração, enquanto no SP3 o
percentual é de 17,5%. Segundo ele, o índice em Santana de Parnaíba está na
média de países frios, como Alemanha e Estados Unidos, que têm muito menos
necessidade de ar condicionado e podem usar e abusar do ar externo para manter
resfriado o data center. “Mesmo na gélida Islândia, tem um data center com PUE
de 1,1, o que é apenas um pouco melhor do que o nosso índice”, diz.
Apesar de o ganho energético demonstrado pelo PUE do data center
se dever principalmente por conta da refrigeração inovadora, também pesa nas
medições realizadas o fato de toda a área administrativa do site ter sua
energia gerada por microusina solar, com 108 placas de 250 Wp cada, quatro
inversores de 8 kV, que geram 39,36 MWh por ano. Para redundância de energia, o
site também três geradores a diesel, dois de 3.125 KVA e um de 1.000 KVA e
vários no-breaks para segurança, e conta ainda com o certificado LEED Silver.