Volume de interconexões na América Latina crescerá uma média de 59% por ano
O
mundo terá um volume de interconexões de 8.241 Tbps até 2021, de acordo com a
segunda edição do Global Interconnection Index, produzido pela companhia de
capacidade e data center Equinix e divulgado nesta terça-feira, 18. Esse
montante é equivalente a 33 zettabytes de troca de dados por ano, projeção dez
vezes maior do que a capacidade projetada de tráfego da Internet. O crescimento
médio composto anual (CAGR) é de 48%. O relatório pode ser baixado clicando
aqui.
No
recorte por região, a América Latina é a que mais crescerá no período. A taxa
prevista é de 59%, totalizando 755 Tbps de tráfego, ou 9% do total (contra 7%
atuais). A justificativa, segundo o manager de solution market para o Brasil da
Equinix, Wellington Lordelo, é porque a região é a que tem maior demanda
reprimida. “Tem novos cabos submarinos e empresas querendo entregar serviços
digitais e trazendo plataformas, como o Amazon Prime”, declara. O maior mercado
é o dos Estados Unidos, que representará 3.318 Tbps e terá CAGR de 45%.
No
índice global, as telecomunicações são o segmento que mais trafegará dados em
interconexões. Ele terá um crescimento médio de 36%, com 1.756 Tbps em 2021, ou
21% do total. Na América Latina, telecom terá 32% de crescimento médio,
chegando a 56 Tbps (contra 18 Tbps em 2017) – ou seja, não será o setor de
maior avanço no período na região. Em sexto no ranking total (com CAGR de 61% e
total de 761 Tbps), a área de conteúdo e mídias digitais será a maior fatia do
mercado latino-americano. Serão 267 Tbps, com CAGR de 63%.
Haverá
ainda um avanço por conta da expansão metropolitana. São Paulo aumentará o
tráfego em 64%, chegando a 331 Tbps, quase metade do total da América Latina.
Rio de Janeiro “pegará carona”, chegando a 60% de CAGR e com tráfego de 154
Tbps. Por sua vez, o Brasil acabará servindo de HUB para países vizinhos como a
Argentina, que puxará um avanço maior do que o do México (60% contra 51%,
respectivamente), por exemplo. Novamente, a localização do conteúdo armazenado
em data centers brasileiros é o que motivará esse crescimento. “Com a demanda,
o conteúdo tem estado cada vez mais presente no País”, declara Lordelo.
No
mundo, as operadoras em 2017 eram responsáveis por 1.327 Tbps. Com o CAGR de
42%, chegarão a 5.463 Tbps em 2021. Lordelo destaca também o crescimento do
segmento de provedores de cloud e TI, que praticamente dobrarão anualmente o
tráfego, saindo de atuais 93 Tbps para 1.439 Tbps em três anos.
Operadoras
no Brasil
De
acordo com o executivo, a chegada da tecnologia 5G deverá provocar um avanço na
infraestrutura para operadoras brasileiras. “A 5G pode estar pronta na ponta,
mas talvez não no core”, diz. Ele avalia também que as teles têm procurado
copiar o modelo das americanas em relação à interconexão ao buscar a troca de
tráfego em cloud exchange, citando empresas como Oi e Megatelecom. “Para as
operadoras, a interconexão é uma nova fonte de receita. Elas enxergam melhoria
no próprio backbone, porque trocando dados a rede fica mais rápida”,
exemplifica. Lordelo cita o caso de uma tele carioca que conseguiu maiores índices
de velocidade com o Netflix por se conectar diretamente à CDN da provedora de
conteúdos, hospedada em data center da Equinix. “O PTT pode até resolver
questões, mas nada substitui a interconexão direta, que tem alto índice de
disponibilidade e controle.”
O
presidente da Equinix no Brasil, Eduardo Carvalho, diz que vários provedores
regionais também têm procurado a empresa para a troca de tráfego. Ele entende
que isso também é fruto de uma tendência de consolidação nesse mercado. “Alguns
fundos de investimento já estão comprando, e a tendência é que consigam agregar
provedores de cidades vizinhas com rede própria para resultar em
minioperadoras”, explica. O executivo alega que também operadoras grandes têm
procurado a empresa para se conectar ao ponto de troca de tráfego privado, até
por servir como redundância do PTT.br (atual IX.br, coordenado pelo NIC.br).
“Já temos uma quantidade considerável de tráfego com provedores regionais,
internacionais e empresas de conteúdo”, afirma.
Atualmente,
a companhia conta com 1.600 clientes corporativos no Brasil, total que chega a
9.800 no mundo. São seis data centers no País: quatro em São Paulo e dois no
Rio de Janeiro. Carvalho diz que a empresa “estuda o mercado”, mas primeiro
pretende regionalizar o tráfego mantendo a concentração da demanda nas duas
capitais, para só depois pensar em eventuais data centers em outros estados e
regiões.
FONTE: MOBILE TIME