Mídia.JOR 4.0 discute como Inteligência Artificial e Big Data podem mudar o jornalismo

O uso dos aplicativos deixam cada vez mais “rastros digitais” e o desafio da vez é interpretar esses dados a favor da comunicação

Esse ano, o mídia.JOR 4.0, evento promovido pela Revista e Portal IMPRENSA trouxe Alexandre Dietrich, Sandro Valeri e Wellington Lordelo para apresentarem os cases da IBM, Embraer e da Equinix, respectivamente. A experiência e visão de mundo dos três executivos da área da tecnologia ajudaram na discussão sobre a importância do modelo de negócio jornalístico. Painel foi moderado por Renato Cruz, editor do inova.jor e coordenador de conteúdo do mídia.JOR. 

Para Dietrich, Watson AI & Data Executive na IBM, a tecnologia atual nos permite três forças. A primeira é ter o poder nas mãos com a mobilidade dos smartphones e outros dispositivos; a segunda é a nuvem, mais conhecida pelo termo inglês “cloud”. A terceira está relacionada às informações de todos rastros digitais deixados pelos usuários – seja através do uso do GPS ou de uma compra em um e-commerce, por exemplo. Diante desta realidade, segundo ele, o caminho para um novo modelo de negócio jornalístico está em usar a inteligência artificial para estruturar esses dados - a estimativa é que em 2020 cada ser humano gere 1.7 megabytes por segundo, e aproximadamente 80% dessas informações não são estruturadas ou organizadas. “Uma vez que você entende o dado, você pode usá-lo para tomar decisões”, acrescenta. 

O Watson é a plataforma de serviços cognitivos da IBM e é usado por todos os tipos de clientes, de startups com apenas três funcionários a grandes empresas, como bancos privados ou estatais e redes de varejo ou planos de saúde. Dietrich conta que o padrão de uso do serviço em constante crescente é a conversação, pois os millennials (ou geração Y - os nascidos de 1980 a 1995) não querem mais ter a experiência do telemarketing, ou seja, alguém seguindo um script para atender de maneira nada personalizada. Nesse cenário, se descobre uma nova função para comunicadores e linguistas, pois cada vez mais existe a necessidade de uma pessoa para criar “as falas” que serão reproduzidas por robôs de atendimento virtual. Estas mensagens, segundo Dietrich, devem ser feitas de acordo com a personalidade do personagem criado, como seu sexo, temperamento e idade. “A inteligência artificial não vai substituir gerentes. Mas os gerentes que usam a inteligência artificial irão substituir os que não usam”, explica. 

O termo organização exponencial é um conceito criado por Salim Ismail, fundador e embaixador mundial da Singularity University, famosa entre os executivos do Vale do Silício. Para Ismail, essas são empresas que desenvolvem projetos e soluções com resultados ao menos 10 vezes melhores que suas concorrentes, da forma mais rápida e econômica. A Embraer é uma empresa considerada “plugada” nessa era e firma parcerias com startups, empresas emergentes voltadas para o ambiente digital como uma forma de driblar a crise do modelo de negócio. Sandro Valeri, gerente de estratégia de inovação na empresa, aproveitou o mídia.JOR 4.0 para reforçar o que a Embraer tem feito com grande esforço: estar sempre à frente das inovações com comunicadores e diferentes profissionais ligados ao universo da tecnologia, com o desafio de antecipar problemas e soluções na área da avião. 

A Embraer, segundo Valeri, busca manter três frentes para estar nesta nova categoria de empresa conectada. A primeira é fazer parcerias de risco e co-desenvolvimento, pois elas ajudam a trabalhar com big data. Depois, é necessário um desenvolvimento técnico em colaboração global para projetos a longo prazo, ou seja, é preciso buscar, testar os mais diferentes tipos de tecnologia para planejar um avião que será lançado daqui anos. E, por último, a competência. Na Embraer, tem funcionários pós-graduados, mestres ou doutores. Além dos cinco mil engenheiros, a empresa também procura trabalhar com equipes multidisciplinares, um método já presente no jornalismo no caso do Nexo Jornal, vencedor do prêmio Online Journalism 2017, que conta com antropólogo, engenheiro e cientista social para produzir explicações precisas e interpretações sobre fatos do Brasil e do mundo. 

Apesar da força da web 3.0, a ausência de startups no âmbito do jornalismo é notada pela maioria dos palestrantes. Wellington Lordelo, líder da área de marketing de soluções e desenvolvimento de negócios na Equinix no Brasil, destaca que o blockchain é o futuro do jornalismo. O método, já usado pelos investidores em bitcoin (moeda virtual), pode ajudar na tarefa de identificar a origem das informações para averiguar a veracidade de uma notícia. Com a transação dos dados em velocidade nunca antes alcançada, Lordelo lembra que uma base de dados distribuída e compartilhada, que é constantemente atualizada e mantida de forma segura através de um algoritmo de consenso mútuo, pode agilizar nos processos jornalísticos. 

O mídia.JOR 4.0 conta com o patrocínio dos Correios e o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, além da parceria com o curso de jornalismo da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo. O apoio de mídia de Abril e Propmark, e o apoio institucional da ABERT, ABI, ABRADi, ABRAJI, ANER, ANJ e FENAJ. 




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